6.27.2012

24 de Abril de 1974:

E mais um dia passou... É doloroso ter de comprimir todos os pensamentos, opiniões e frustações numa pessoa só, neste caso numa pessoa e num papel, mas não pode ser de outra maneira. Espero que cumpras a tua parte e que isto continue confidencial, nem quero imaginar se alguém soubesse da existência das minhas reflexões, e mais, nem quero imaginar se soubessem que elas estavam em algum lugar que não na minha mente. É difícil, confesso, por vezes até mesmo impossível. Dizem que somos o ser superior na Terra, aquele que possui a maior autonomia, inteligência e liberdade. Liberdade? Pois bem, acho que essa a perdi pelo caminho, eu e mais um país inteiro. Imagino como seria se realmente a tivessemos, pois neste momento não estamos a viver na verdadeira realidade, tudo isto é uma mentira, um cenário montado pelos que mais habilidade têm. A verdadeira realidade não é exequível neste momento sendo, portanto, inteligível. Talvez num futuro próximo os que virão tenham mais sorte. Queria poder dizer o que quero, a quem quero. Queria poder dizer-lhe que o amo, que se tornou a melhor pessoa da minha vida. Queria poder dizer-lhe que imagino a nossa vida juntos e que isso nunca aconteceu com ninguém. Queria poder dizer-lhe que estarei sempre do lado dele, sempre. Mas será isto que me impede? Será a ignorância e a intolerância estabelecidas inconscientemente por um povo que me impedem de dizer-lhe isto? Ou será somente a minha falta de vontade/confiança que não me permite fazê-lo? Será o meu comodismo, a satisfação por ter uma outra justificação? Espera... ouço algo, vindo da rua. É uma canção... "Quis saber quem sou... O que faço aqui".

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